(fotografia de ruth bernhard, "draped torso", 1962)
sabíamos o que era a saia
no mais curto pano
no mais florido e armado campo
cantamos o vinagre nas bolhas
que jovem ouvirá amanhã?
longo e amplo dia como as omoplatas
do corpo em vão, já afasto mais os
meus passos fica mal no timbre das sílabas
chorar a solo na plateia, sabíamos qual
era a nossa religião de fiel invenção
cantamos onde se bebe e bebe lentamente
o hábito da tristeza, são quatro ou cinco balas
sem palavras tão duras na passadeira
intermediária a página presente, o corpo
ausente como as janelas débeis o poema é
insonoro, racista, solitário, raivoso, rude
pouco ou nada há mais para comer
josé gil