nasce o dia às sete horas, assim começa o tempo
do sol, na corrida há um eixo, a bacia dolorosa, as cruzes
vamos avançar no corpo dado, a ilustração dos teus
seios na omoplata. frutos vermelhos para endoidar a
terra dos ossos rendilhados, ver a paisagem e em movimento
sofrer
trago a dor nova do encantamento, o justo remendo da
osteoporose ninguém passa na renda bordada pelo poeta
à mão
um dia sempre novo no caminho, a zagala negra atravessa o
espaço frio, gela a madrugada em que o escritor descreve
os percursos
foge-me a palavra como as bolinhas do mercúrio no chão
do laboratório, entra a juventude, as moças, os dedos têm
olhinhos na ponta dos dedos à espera do grande porte
chega então o Elenco Negro, a égua de crina pretinha
a galope, música e poesia épica
Oh! África do meu bairro, minha negritude clara na praia
em saudade da Adraga, muda a maré, eis o tempo indelével
África é tudo, o horizonte do novo mundo
veio atrasada a gazela do meio da manhã por um tempo
de amar, azul o prazer
sentado
José Gil
19-2-2016