(a meu amor adorado, 17 de janeiro 2016, Solange gostosa)
a casa sempre na
casa por todos os dias de flores
é janeiro, trago
os abafos das tuas palavras doces
mel e avelãs, nozes
e beijos, o café é o outro centro
de fazer o dia mais
quente ao jantar, aquece o lume
um pouco de amor
para namorar, o fogo – faz a
mala e o saco
quero-te com o vestido
negro, leve e curto no teu verão
junto à praia, a
cachoeira, todo eu uma mão selvagem
da geografia do
amor, toca, abraça o corpo todo
encontra tudo o
que a casa constrói com morangos e
leite de moça no
lugar das noites longas
quero amar-te na
muralha vermelha da fronteira
Quando poderei salvar-me
e regressar ao paredão
Calça justa para
caminhar ao nascer do sol e encontrar
Os amigos – uma
hora de marcha, um terreno de alívio
Do teu corpo ágil
no meu. Onde chegarei ali? É o campo
Da pureza do oceano
nas tuas pernas de gazela selvagem
Moça jovem e culta
espero-te até ao fim do mês
Caminharemos para
o centro da terra. Quanta água vem
Pelas ribeiras para
a baixa das cidades
Onde procurar os
teus lugares sagrados, secretos, quero
O ponto branco da
pele negra onde erguer o meu pilar
As mãos e o relógio
para marcar o passo das cerejas e do vinho
As verduras da alegria
nos folhos dos sorrisos dentro da
Saia, as castanhas
dos mamilos vivos, a superfície da língua
O recorte das costas
nas rochas de S. Pedro do Estoril
Viva a praia no
eixo norte – sul onde plantas a oliveira
Corpo de índia amor, a minha negrinha de cabelo vermelho
Copo de suco de
coco com gelo para alegrar a garganta
Seguro com os lábios
os dedos do inverno frio e quente
O olhar do ar condicionado
em cada verso para recitar
Vinho abafado, pés
de lã
Nas tuas pernas
cruzadas
Entre as minhas
nuas
José Gil