(a meu amor lindo, Solange)
(a Umberto Eco)
o dia corre nas avenidas, doze horas calmas de sábado
é o tempo no alcatrão, a novidade de todos os semestres
na casa comum
faz frio, será a estação das geadas o olhar interior da casa
verde de dois em dois dias, o luar das ancas nas ancas,
escrevo por um café no regresso à Praça, os dias cegos
da perna presa na perna cruzada, o fémur dorido do lugar
a articulação da vida ao ar livre da morte vegetal
oiço os santos, meu Deus, resigno-me e insisto no movimento,
mais outro movimento, os de perto da caravela das navegações
difíceis, a Índia, o mundo inteiro como eu gostava de conhecer
de mãos dadas contigo, meu amor, serei a tua vela, tu o meu leme
numa rima absurda de um mapa marítimo
estou no Largo Cristovão da Gama, o jardim de um olhar visionário
os pássaros nas árvores, o dia limpo
cheguem os ananases de pele macia, os oregãos sobre a carne
a assar no meu carvão, a taça de vinho, sonhos.
José Gil
20-2-2016
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