(pintura de sebastian blanck, "isca (profile)", 2007)
driblam os teus olhos os meus no teu nariz
na tua face, os olhos em fogo,
facies sedimentar
na classificação dialectal – o teu princípio sempre
a cortesia – e o fio arcaico da navalha branca
na vida real aparece no poema – adora-se, o
narciso esse grão de demência inabsorvível
trazer a literatura à terra e a terra à literatura suada
e vermelha – o rosto sempre sério e negro, sorri então
os teus olhos de um lado para o outro
da face como romãs todo o ano sobre a grande mesa
a sala ao fundo com a vela no corredor infinito
piso rápido os actores elocutórios voam de um poema
épico “lembra-me outro filme e outro livro
les enfants
e la pluie d’eté de Duras”(1) cumplicidades profícuas
eléctrico o professor do poema avança no filme
com lentidão e silêncio na intensidade de cada minuto
estruturas cársicas, varvitos, fomos criados com a água
do tejo, sempre fomos os ciganos do rio, bebemos a sua
água em cada dia e o pão da cantiga leitos claros e escuros
josé gil
(1)
Expresso,(2009)Lisboa
1 comentário:
Interessante...Gosto!
Abraços e boa semana ;)
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