(litografia de jim dine, "sun's night glow", 2000)
a Manuel de Oliveira e ao Constantino "Sopa de Massas"
as gaivotas batem as asas sobre as águas
sinto o osso duro de roer a mesa balança
à caneta cheia de pétalas violetas eu vibro
não sei se o sangue azul do pulmão negro
encosto a face ás gaivotas à altura do vento
fresco fico com as mãos abertas para um
ninho – as novas gaivotas gritam no vento do
ventre negro, entra a mulher de cabelo vermelho
nada sente da fresca virtude das suas singularidades
o véu atrás do vazio, numa mínima, minimal canção
minimalista e sensual do vento fresco no calor
da noite o abano e o ranger dos dentes fracos, ouço
a minha barba de trevas na tua face que atravessa
a bola do mundo já estou do outro lado como as
gaivotas atravesso o leque liquido das águias dos oceanos.
aí fica a tua casa amarela e verde com
o coqueiro junto às gaivotas. rezo se o oceano fosse pequenino
com a água a ferver – eu não teria esta cara de sofrimento
o leque de dupla face é um poema como o
ranger dos dentes na dobra do leque vermelho
como as gaivotas que oscilam dentro do texto
e a hortelã fina e o jasmim regressam das
estações doces e finas para acompanhar o estremecer
das gaivotas a sacudir os corpos para ventilar os dias
José Gil
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