(pintura de antoine vollon, "view of a stream at sunset", circa 1874)
gostava de roer a caixa de madeira negra
abrir o eixo norte do tempo sensível
não restar nada, apenas o corpo bravo
avançando junto aos véus, é uma alusão
de prazer, um rio para articular em ti
os dedos onde floresce a pequena floresta
negra, saberemos o sabor dos coentros de
março, através das folhas só a língua
na cabeça das pessoas, vamos, avanço
na lage sobre a caixa, é o corpo que treme
longa e ampla anca, tronco sem obstáculo
canto e volto a cantar, uma árvore branca
José Gil
1 comentário:
Deste belo poema, saiu-me "isto":
Entro na caixa negra
e uma lágrima me grita
Amordaço-a
com um lenço
E abraço o tronco
da "árvore branca"
da minha infância.
Um abraço
Maria João Oliveira
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