(quadro de jean-baptiste-camille corot, "venus au bain", 1873-1874)
A cabeça lisa, sem cabelo nem sobrancelhas
a face da aurora azul como a parede azul
única do teu corpo nu longe das paredes
brancas, as mãos nos seios e nos mamilos
um pouco de mel, as janelas todas abertas
ao sol do dia de primavera no Marvão, apenas
a música verde das árvores a fraternidade
singular, a aurora é um anjo que te transporta
na sensação de voo do azul como um eixo,um
jacto da cor negra do teu colo, vives e viverás
entre a parede branca e a azul no quarto quase
redondo da solidão, choras ainda o pânico da
doença fulminante – a ânsia – roxo claro nas
paredes inclinadas no casulo dos cabelos negros
vives ainda o canal dos seios da angústia, salvas-te
José Gil
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