(instalação de sylvie fleury, "untitled (ô)", 2008)
pode ser feito por duas dez ou cem pessoas de cada vez
construindo mundos virtuais interactivos, pode ser
semente, crash, arrastar e largar a língua, desfrutar
compacto, volumoso mastro, pode abrir as portas de som
e de luz elemento prenhe – nas sombras que se lêem -
um diálogo assombroso, pode a faúlha tocar o mamilo
amar o mar, o sabor a pão, o beijo, o turbilhão, será
que te mereci o beijo rápido, os beijos ainda não dados
são cordas, sorvos vibram sempre entre mim e ti como
o músculo na coragem da intimidade pontual a cada braçada
na tua anca nua, segura-me as mãos, o corpo limpo da pedra
na videira, na rede da vinha, segura-me no turbilhão de te
ter real e toda, eu sou de madeira e choro, o pó, vinho
contido no teu gargalo como as minhas guelras vivas de
te cantar a cantada – o fado – bebo o amor pelos teus
ombros, entrar no fundo, abre o cimo, a superfície com
textura de cabelo e papel e precipito sempre estas letras
longas, grossas, quentes, verticais nas linhas do vento,
assombroso o corpo dilata por ti no meu pensar seco, já.
José Gil
2 comentários:
esta colecção de poemas, ou prosas poéticas, cai-nos, de facto, no espírito com o impacto e a ressonância de um "crash"... mas no melhor dos sentidos, que é o da impressão de se ter sido "atingido(a)" por uma criação poderosa, como uma força da natureza. que bela ideia, juntar estes e os "crashes" dos outros poetas amigos e excelentes num livro!
beijo,
Alexandra
endereço novo lindo! :)~
http://bjomeligaqeeuganhobonus.blogspot.com
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