(fotografia de bruce nauman, "hands only (infrared outtakes series)", 2006)
procurais-me onde comestes as cerejas, abri a vossa
mão ao rés do sol já escondido na lua, ser todo vivo
avisai-me onde fica a casa onde o implacável come e
bebe, dos tímidos caminhantes da faixa perdida. o tempo
não existe, para quem não segura nos ombros todo o poema
todo aquele que é humilde num pó que ganhou e o ventre
sabe. o que fazes aos meus irmãos fazes a mim, são nove ou cem
para o corpo inteiro, porque me amas em ciladas? no recato da
intimidade, no centro e na periferia, deita-te no soalho limpo
para te amar a língua, a língua adere as cerejas e às ancas
uma madeira de barco com o sangue a bater no colo
beijo-te ainda onde ganhas a inquietação, o sol bate, toca-se
José Gil
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