(fotografia de michael kenna, "spider and sacred text", 2001)
cheguei a um estado de surdez selectiva, o poeta
não é um homem mas uma palavra, naturalmente é
o que aprendeu a escrever não importa sobre o quê
abraças-me, devia olhar para o outro lado e combater
o frio – não pergunto nada à paisagem, chegas da
floresta, um dia quando não te espero, fechas a porta
a palavra selectiva do poeta é o verbo, aí vem ele
retiremo-nos, passei de lá para cá e de cá para lá
o doce de abóbora cresce no gelado de domingo
obedeço-vos – não como dono mas como servo
José Gil
Sem comentários:
Enviar um comentário