(fotografia de beth y. edwards, "mireille, toulouse", 2003)
eu sou o sol escondido. deixo as agulhas
no ciber do sumo de laranja e café, a cavalgar
as palavras saltam como éguas saltam da boca
como as ondas – invadem a guardadora das sombras
vultos verdes vivem nas casas que voam das aldeias
numa infinita escuridão. é a grande lisboa em inverno
sem perdão, uma explosão no crash da lassidão em
pedaços de cristal unidos num fio de luz como uma
serpente no seu felino gemido – eis a terra imensa sem
ninguém. nem a fábrica chegará onde a pele segura a carne
bebo a carne das laranjas da memória doce ninguém navega
nas válvulas do coração só a pedra e a lama, só a folha
escondida no sal, chama passa, chama o fundo da terra
respira o dom de Deus na montanha da cibercultura rota
José Gil
Sem comentários:
Enviar um comentário