quinta-feira, 30 de julho de 2009

bragança 3



(quadro de raul diaz, "cubus", s/d)


pelo castelo te embarco de pedra
foge da linha se tens coração
evoca teu corpo de sereia sem mar
só pedra e sol, e norte e estio quente
carrega o teu lugar da árvore branca
mansa terra de adjectivos claros
só estou em ti como presença ausente

os sorrisos surgem no espinhaço
em que te afirmo, como suave, verde

tronco de vaca dócil junto à estrada

José Gil

quarta-feira, 15 de julho de 2009

bragança 2



(imagem do castelo de bragança, retirado daqui)


o castelo de bragança na neve ácida
da noite, os caretos e as máscaras da
ciberarte, uma grande nebulosa sob
os trabalhos de cobre e cestaria na
técnica do imaginário entre a erosão
e a solvência do acto criativo que
teimam em vão estabilizar junto aos
seios da cidade no limite de todos os
lados na volatilização, a entropia azul
dos danos colaterais onde as telas são
o simulacro num dos últimos respiradores

o próprio poema nas calçadas as especiarias
do pensamento – segura-te as âncoras da pedra
em continuidade e o volte face das ancas
a certeza do centro, a incerteza dos teus
subúrbios entre os lábios quentes de
alcatrão – a atmosfera do atelier a
poética sem limites na realidade
virtual como os cones brancos

José Gil