quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Poema de amor

a meu amor querido Solange,

violeta no violeta, escrevi na tua parede,
saltam-te os seios negros claros
sem sombra na parede,
eu sou o animal que procura Deus no teu umbigo.

sorris por desacato, o sol no sono no solo 
como um beijo
que me vai iluminar. onde canta a luz?
quem somos para lá das palavras e dos poemas
pobres peregrinos habitáveis
à luz fria do pó rosa pêssego?

o que me darias por uma mesa longa 
que beijo procuras no sonho,
nua como um pássaro cego em direção
à casa negra, quase a perder
o voo.

José Gil

Poema de amor

para a filha do amor, a romã no lugar inacessível do doce
canto, um poema alargado sobre o umbigo, a relva interior,
carinho em mil folhas sensíveis, o corpo dado à oferta das
laranjas do algarve que abrem o apetite para a eternidade
junto ao mar

um barco líquido, um cavalo de água um crescimento duro
por cada beijo, por cada mesa ou casa de pequenas ideias
o romance do limão encantado, beijo-te entre os chocolates
e o leite de moça

um dia ganho por um amor de fogo
 
José Gil

quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Poema de amor

A lã dos dias no círculo dos olhos, o negro claro no olhar
De Minas até ao olhar a floresta negra no eixo do corpo
Um lugar de café e cerejas de cor de licor e sabor a chocolate
Do corpo, minha negrita da minha língua longa no poente
Da europa, um dia direi Solange o centro do continente em
Lisboa,
Agosto como um quarteto de música já está perto, a casa
As casas, a mesa, o copo de vinho Dão, a carne bem temperada
Um dia dos homens entre o ventre e os joelhos, abre a janela
Moça como Dali  a olhar azul na largura do mar, a blusinha
Branca para despir no jogo do verão brasileiro, os seios fartos
Sobre a mesa pão torrado com azeite, a mesa de fazer a lã
Do amor lento de costas. Quem vai enrolar primeiro o tronco
Ossos em paz e sossego.
Pedra a pedra para criar a escultura bate, bate o ferro de avelã
Por um tempo novo.
Desenho depois o teu corpo no espelho a lápis preto
E o cavalo puro sangue a teu lado
Monta o cavalo para os montes do Alentejo alto, chove a viva erva e feno
Frescos, da tua encosta neve branca na serra mais acima no continente
Pelo perigo dos lugares naturais o jogo do quarteto, dobra bem
O quadril formoso puro e necessário como a égua do outro monte
A flor do fogo, couve coração para aquecer a alma junto à catedral a
Oração do dia em fogo
Luar de todas as noites pernas ao alto do chão, o lugar central e sagrado
Onde a cor negra do cabelo a distingue, corpo amplo no peito da madrugada
José Gil

quinta-feira, 15 de setembro de 2016

Poema de amor

Em mim, medio-mensagem, o horizonte dos seios
 
Onde vou encantar os olhos a teoria orquestral dos
Corpos em amor, biodança, exposição das pessoas
Aos indivíduos, guerreiros alquimistas, arte efémera
 
Na paisagem do oceano, corpo real, corpo imaginário,
A flor da liberdade e da alegria, a voz dos que não
Têm voz, a pele húmida, o cabelo farto, o que vem
Além da surpresa na plasticidade dos sujeitos
 
O barro é uma das principais matérias da expressão,
Experiência habitada por toda a tua ternura única,
Observação de teatro no luar de que é feita a substância
Da pele, nasce o dia sete e trinta em Janeiro o sol
Na sua plateia urbana e diária e caminho até ao
Toque, ao sabor da erva doce, a autonomia do sujeito,
Dar visibilidade aos abraços fortes do amor verde,
À cruz dos poemas sobre a mesa, o teu trevo vegetal
Pretinha minha um olhar único e exemplar, os teus olhos
Mesmo distantes sempre nos meus no sentido das coisas,
Catedral da sensibilidade e da beleza interior.
 
José Gil

Poema de amor

como se podem articular os espaços ao sol,
a tua sombra persegue-te e eu caminho nas
intenções azuis, o diálogo do par de morangos
e chá de cidreira para a visibilidade do suor do
amor, memória crítica no lugar integrante do
futuro em relação à ética do enamoramento,
plenitude de existência com o aroma do diálogo
interior alicerçado na beleza exterior, belo corpo
da levada nas mãos próximas dos olhos negros mel,
prova absoluta, pernas cruzadas no coração da 
cereja azul qual ginja de jeans claras, pontes de
afecto o corpo, flui há sintonia,

José Gil

quarta-feira, 14 de setembro de 2016

Poema de amor

(a meu grande amor, Solange)

ainda é noite no poema, em março já não será
as seis horas do corpo da manhã para te alegrar
os mamilos e um chá de carqueja com uma torrada
para voar sobre o teu ventre sem parar, amor de
saudades jamais chorarei

branco o luar de geada para sentir que estou aqui
violetas para decorar os teus seios com leite de moça
e avançar nos campos junto ao céu.

José  Gil

sábado, 10 de setembro de 2016

Caiamor

(à solange minha princesa)

Abóbora com pêra rocha no forno do teu colo
Como devagar com canela, escrevo depois no
Arroz doce o teu nome, o teu amor desejado
Na Estrada a Damaia, novo caso, tempo novo
Os dedos nos lábios, a fruta fresca, o namoro
Do amanhecer, seis horas da manhã para te
Abraçar por uma nova semana

Inquietações e mudanças dos dedos nos cabelos
Mel e kiwi, pinhões e nozes, fava rica, avelãs
Entre a fazenda e a casa, imagens, a descoberta
Do osso crú, delícias do umbigo, esfera de energia,
Respiração vã, a linguagem muda do gemido,
Dedo a dedo leite de moça

Do outro lado poeira de minério, saudade, pó só pó
No visível de pensar, o desejo de criar filosofia das
Emoções, subida das águas quentes no quadril que
Se levanta e cruza, arte performativa e dança
Poeira liquida corpo a corpo vegetal, o reflexo do
Desejo de criar, corpo espelho nu, junto a ele o
Lençol bordado, trancinhas de palavras no teu cabelo
Longo e encaracolado - até ao sabor dos seus lábios
Um desafio para a língua larga, as palavras têm
Corpo novo, a dualidade dos sexos em espuma

Poema para levar no bolso, abóbora gila, o desejo do
Pássaro, a sede
Palavras de marmelo, partilha de prazer único no teu
Coração de cereja, sentimentos de alegria e choro,
Música brasileira - transversalidade do oceano
Estou a fazer um ensaio, inquietação provocada pelo
Caos dos seios fartos na mesa do escritório à beira do PC
Desenho depois a lápis os mamilos, a ousadia do amor
Aos 50, a ousadia do mar, frio beijo a beijo o beijo a nu
Do corpo infinito sempre interior às raízes do pensamento
Estético praxis das pernas, dual sexo com perfil raro na fome
A matriz do veludo entre o fazer e escrever, vida e morte, experiências
Do erotismo significativas.


Um passeio pelo jardim muito escondido no silêncio na casa das
Pessoas no parque do Jardim Botânico, Museu da História Natural
Outro espaço interior sobre o desejo em cada grande abraço de poesia
Movimento música dança

A inquieta tranquilidade das pombas entre emoções com fogo

Cai amor onde me deito no teu jardim natural de relva fina
Deixa enrolar o cabelinho nos dedos do actor, que eu sou,
Nas pontes dos sentimentos, pica o amor a fruir no livro aberto
A holística arte do género, o favo de mel de urze dos afectos, fruição
Do tempo e sem muros todo o espaço doce

José Gil

terça-feira, 6 de setembro de 2016

Poema de amor

(A meu amor lindo, Solange)
 
Voa a escrita devagar no ombro que te toco
Roda o corpo para a dança das canções matinais
Em Águas Livres - lugar da casa do vinho e das
Romãs
 
Vibro as pernas nas tuas, é o romance da água
Na salada de pêssego em julho na Colina
Fibras, suco de laranja, a carne dada em silêncio
Só um gemido trabalhado, a carne muda, silêncio
Segredo animal à solta, liberdade de um fumeiro
Do teu abraço do coração verdadeiro
 
É janeiro e há uma mulher transparente com
O coração vermelho em Itabira
 
José Gil