quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Poema de amor 3

(à Solange meu amor eterno)

“Anuncio de los Reyes
Bien lunada…
En su chaleko bordado
Grillos ocultos palpitan
Las estrelas de la noche”

In Romance Gitano

Federico Garcia Lorca
1928, Comares Editora
Madrid-Espanha


Mato grosso para o poema crescer, torre e cálice de floresta
Para celebrar a mudança selvagem de ano para ano doce
Vinho, vinhedo que celebramos há muito em Vale Paraíso num
Inverno, natal passado que demorou meses a preparar

Mato grosso nos lábios do poeta na nossa casa a Europa no verão
Quando se reúnem os povos, os refugiados à escala global
Bonitos como os chineses para um caldo de sopa no forno
Abóbora e pera rocha em jejum, depois de uma festa
Madrugadora que nunca se esquece, toca todo o teu corpo
E bebe um tinto do Chile e esquece  os seios, nos meus dedos
Vagabundos de mel, lembramos Santiago com saudade infinita
Há quantos anos? Quantos dias passaram sem as cerejas das tuas
Carícias, Deus é grande.

José Gil

Poema de amor 2

(para minha esposa da década sempre linda e poesia
a mulher da minha vida em 2016 aí perto)


desenho as tuas pernas apertadas na ardósia onde te tatuo
sem perder o teu olhar, suspensa a pêra rocha como um
cálice desce ao teu colo, o poema passeia polifónico aos
heróis da guerra do amor, beijo-te com palavras e segredos
guerreira onde vagueia a tua vida nos meus parâmetros e
valores, a lua cheia vai chegar, a referência do céu neste dia
chove ternura para a fertilidade das escritas, salada de pêssego
com pêssego e pele de anca sumo doce ou mel.
 
José Gil

Cascais 27


(para o meu amor Solange)

tatuo no umbigo o desejo do mar
nasce nas tuas pernas o oceano
bem junto a ti como palavras
coladas ao ouvido dos secretos
viajo entre os teus seios na maré
alta e viva, azul e rítmica
jazz no estoril amanhã à noite
e o teu corpo Solange do outro
lado

chegas,chegarás com as tuas mangas
bem doces para os meus lábios
José Gil

quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

Poema de amor 1

(à flor de Dezembro e Janeiro 2016, namorada, Solange)

Solange das cerejas, o mundo é redondo como o teu ventre fértil
Vou voar em sonho de madrugada de Lisboa para Belo Horizonte
És de Minas, serei de Minas sangue de aço do poeta Drumond

Serei mineiro no teu corpo no dia em que nos faltam as forças
Em que mudam os anos de vigor do minério e da sua poeira seca
Eu sonho em castelo bela princesa do memorial divino, vou
Tocar todo o teu peito com pedrinhas doces e sensíveis

Só Deus sabe o que temos lutado para não haver longe nem distância
Leite de moça com bagas de cereja e sultanas do fim de 2015, pela União


José Gil

quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Cascais 26


Hoje "Minha alma tem o peso da luz. Tem o peso da música. Tem o peso da palavra nunca dita, preste quem sabe a ser dita. Tem o peso de uma lembrança. Tem o peso de uma saudade. Tem o peso de um olhar. Pesa como pesa uma ausência. E a lágrima que não se chorou. tem um imaterial peso”
 
Clarice Lispector (adptação livre)
 
 
a Solange e
 Luciano Pavarotti
 
 
 
 
Da oika (1) ao Jazz em Cascais  vai a pedra leve da respiração
O esquecimento da voz animal, o bafo, um espírito estável como
O luar da morte , estrelada lua do tenor do nosso tempo, o instrumento,
danças como o vento no calçadão entre as jovens esculturas ao público
Limitado tempo entre a vila  de Cascais  e o Estoril de luz e silêncio
Através da limpeza, da sua limpeza de um volume de voz, e sopro
Sem limites e de grande sentido de grande actor, para amar as tuas pernas
até dançar novamente tocando sempre a ópera com a folha fresca do quotidiano
e o swing como o coração explosivo do caos social na linha do comboio
avanças no centro do umbigo aos longos cabelos  das corredoras a crescer
 
 
José Gil
 
(1) ou Oikos.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Poema 201

(à minha esposa de dez anos no azul do mar Solange, linda como as ondas)


O oceano conhece muitos segredos só nossos, descanso sentado no rochedo
do amor no Atlântico rodeado de dezenas de pelicanos e outras aves marinhas
beijo-te, são os seios que dão o sinal da madrugada a acabar, vê em frente o
novo sol em recantos de solidão próprios da casa branca, só livros e folhas,
saudades de tantos abraços, saudades de tantos dias de outro Dezembro no
Paraíso. 

Há muito que não desço como um cristal e a sua lanterna enamorada a praia
todo o oceano traz de vegetal para nos dizer o amor está por aqui, a minha arte
é o teu corpo no meu, a minha escrita tatua a pele das ancas,

José Gil

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Poema 200 - Pêssego de Pele

(à minha esposa sempre linda e jovem, Solange)

escrevo as cerejas dos teus beijos  nas tuas meias de cristal à
minha espera

chego-te pela língua na saia curta e negra e danço o que o quadril deseja
prioridade é a manga exótica para chupar de madrugada, a meio do tempo e
do ritmo do amor nocturno

voo sobre o teu corpo e sou leve como um pelicano no mais famoso destino
de há um ano, natal de pêssego de pele.

José Gil

quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Poema 199

(à minha beleza, mulher jovem Solange)
 

escrevo a borboleta que voa bela no teu ventre
cristalina e transparente como esta tarde em
Lisboa, no seu céu azul sagrado

como a abelha quer o pólen avanço para o
atlântico num voo antigo de memória certa
qual golfinho na tua janela de Minas

canto a minha flor exótica de dez anos
cristal e luz na sensação da pele inteira

toco-te a sola dos pés com o o meu creme escrito.

José Gil