quinta-feira, 27 de abril de 2017

A fuga da palavra 35

(a meu amor, pretinha Solange)

a água vem na estrada, a estrela fica ao fundo
chove saudade na rua, vai o inverno para a
primavera no eixo verde contigo

avança na calçada, pedra preta pedra branca
gostas de dançar, choro a cada passo uma 
cereja do Fundão

abre a porta do quarto, estou aí com esperança
onde tu tocas há um lugar vegetal e verde
já no território da pedra em fuga ficas derrotada
o teu corpo coberto de cerejas vermelhas cor do 
cabelo, em cada instante magenta

deste lado introvertido, envelheci à espera 

a égua vem na estrada da árvore
da felicidade
antes de passar pela mágica Itabira de
Carlos Drumond de Andrade, meu querido pai
inspirador de Minas
como o barco de Ítaca, a sombra de palácios
na Cova da Moura, a casa, castelo bem ao alto

e descubro a relva nova de cada milagre
via sacra de perímetro em perímetro
vivemos em folhas simples, tatuagens de pele
recato do colo do corpo em seu abafo
toco-te feliz a pele no ombro, doçura
veloz é o tempo que te cruzo

José Gil
(9 de Fevereiro 2016)

quinta-feira, 13 de abril de 2017

A fuga da palavra 34

O Arsenal

(à Solange, meu amor)


o arsenal de flores traz os barcos até à maré baixa
do teu ventre, traz folhas de amor para o Outono
onde procuro no silêncio a sua vontade
e tenho tudo e as sementes da tua sede
para voar devagarinho sobre a casa e o lar
da tua terra mineira onde o cristal é Ouro

bebe, amor, as palavras 


José Gil