quarta-feira, 18 de junho de 2014

Mãe 6

Ainda não escrevi a casa e a figueira
como um poema ás costas das janelas
uma porta junto à cozinha e um mundo
parado, no caos das cidades desesperado
o silêncio atravessa as ruas sem ninguém
 
 
quem vê a casa, o sol e os carros
sem passeios o vinho Alvarinho
dos melhores lados de Melgaço
 
ficamos os dois a olhar o mundo
entre as letras e o cultivo
das castas bem longe de benfica
 
José Gil

domingo, 15 de junho de 2014

Mãe 4

 
um lugar de rosto nesta esplanada
o sol ao vento frio, muito sol de
palavras afectas a vida e ao sonho
 
um lugar na praia do rosto desta igreja
vai já aí é domingo e falta o café
a uma europa que não nos ouve como mel
 
acredito nas respostas em cinco segundos
quando se estende a mão por um pedido
há fome nas interrogações pelo pais
 
mãe já houve outro tempo  em que a alegria
conhecia o rosto da esplanada do sol
 
bem junto ao rio num veleiro de justiça
um lugar de esperança sem divida

José Gil

terça-feira, 10 de junho de 2014

Mãe 5

Que nos espera mãe do outro lado do mar
Frente a praia não sei se sou escrito se escrevo
Um caminho revolucionário quase divino
Na água somos outros os corpos vão e vêem
De um lado para o outro sem pobreza cristalina
Cada pobre dos mais pobres hoje em Portugal
uma bandeira das mães em súplica celestial
Tu és a figueira eu o figo ainda pequeno no
Retábulo a meio das escadas ou no quintal
Sem nada de especial, um coração cozido e tricotado
Bem junto ás ondas do mar com este vento de areia
E palavras frias apesar do sol e da primavera no fim de
Abril –  para Maio marcharemos logo no primeiro dia
 
José Gil