sexta-feira, 6 de novembro de 2009

corpototal 21



(trabalho de tracey emin, "Her soft lips touched mine and every thing became hard", 2008)


o poema está a ser magoante
no corpo lívido e raro, a
afirmação da palavra fica no raio
quadrado à hipótese do sujeito estético
magoante a noite em que o poema se prolonga

nada para dizer na folha curva
quem foge não foge dói e canta

José Gil

domingo, 1 de novembro de 2009

corpototal 20



(desenho de tony cragg, "untitled", 1997)


viajo verde no seu corpo simbólico
tiro sortes e divido as terras da lua
onde até a pedra se esfarela
sem cessar

traz-me a andaluzia nos dedos pequenos
a metamorfose dos gomos de laranjeira
falho-te sempre nas certezas humanas
a kura, a tua persúria clara leve a tua
alçaria, o teu encastelamento em flores
islâmicas de primavera, a tua curialização

trago-te as Metamorfoses de Ovidio
os mitos de Faetonte e de Actéon
os Deuses reduzidos a paixões e caprichos
no estado clássico – despe ainda o busto
com os seios negros, modernos e os
braços e as ancas bem rente à cor da terra

José Gil