quarta-feira, 30 de julho de 2014

Mãe 8

Nem o azul vento do oceano
Nem o portinho abrigado de Armação
Te dirão quanto te admiro
 
O vento corre na turbulência da
esplanada da Nilo, entre a razão e a
leveza do café e da empada, há outros
caminhos azuis do Portinho a Portimão
 
Traz o pão de Santana da Serra e Monchique
Podemos tomar o chá de tília ao 1º de Maio
 
A casa ficará sempre iluminada pelo pai
 
Nem o azul da sua ausência, nem o oceano da sua
Presença, te dirão novos poemas
 
José Gil

sábado, 12 de julho de 2014

Mãe 7

Podemos falar de uma romã como um mãe que se guarda
entre as ondas do oceano e a casa nova no bairro velho
um jardim de figueira e amendoeira em flor
os figos novos
 
as novas palavras no mar ao fundo onde nasce o sol
conheci minha mãe sempre grávida somos nove em escadinha
como a capela da fortaleza e uma coragem de árvore de fruto
 
uma onda de romãs sobre o mar-chão os olhos verdes
 
a praia ao fundo onde crescemos com algumas rochas
 
percursos muito difíceis de lutar com antigamente
 
a maior parte das pessoas não conheceram as quinze  mil que foram
presas políticas em Portugal ao sul da Europa e da crise
na brutalidade dos anos sessenta e setenta
 
vivíamos de falsas notícias e de invejas
teremos o instinto, mãe, de não voltar atrás 
 
oceano vital de sumo de romãs entre letras vivas de coragem   
 
José Gil