segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Segunda Libertação

(a meu amor mulher da minha alma Solange)

não há metáforas hoje nem figuras de estilo, o teatro
mais puro, a máscara e os teus seios como romãs
fica sempre um sinal se há vontade de Itabira no
sonho mais claro de um dia quente de Agosto

transporta as palavras com pinças para uma segunda
libertação, a casa não é pequena para guardar tanto
amor e papel de cor escura como Dali na parede do fundo

e o teu umbigo no lençol de linho transparente e tradicional


José Gil

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Casa VIII

escrevo na casa as horas infinitas da escrita, o lugar
da árvore da solidão, vamos pelo corredor das
lágrimas o filigrama de te procurar. Quando chegas
Quando abres a porta da alegria ao sol de Agosto
Quero-te aqui inquieto e amoroso, vem meu amor
no avião da saudade, vejo-te em cada quarto, em
cada janela e nada sei fazer enquanto te espero
as cerejas ouvem a tua voz na cozinha de todos
os santos multiplicam os pães e será infinita a paz

José Gil

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Casa VII

(à mulher da minha vida,  Solange)

aqui estou sem palavras, seca a boca de amor
procuro a posição vertical o lugar certo na casa
fico no 5º quarto

José Gil

terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Primeira liberdade

(à mulher da minha vida, linda, Solange)

tomemos o amor a casa como a primeira liberdade
das amoras e do corpo falaremos na próxima vez
o dia se compõe de janelas verdes como o enamoramento
nos longos campos de relva e vodka vermelho vivo
para as  noites  longas de verão claro de lua cheia
iluminados ouvimos a banda de jazz no coreto e
Benfica  podia ser um encanto


José Gil

domingo, 21 de fevereiro de 2016

Figo

(à mulher da minha vida com saudades de alegria comum, Solange)


um figo, um copo de água sobre a mesa o calor sufocante
aqui em casa nas Águas Livres, não saio do quarto com as
lágrimas na mão, escuto motas, carro, comboio, todo o mundo
à minha volta e eu sem mundo por volta, todos de férias e eu
na escrita, arraso os minutos para passarem para a noite, gosto
mais da lua por estes dias

José Gil

sábado, 20 de fevereiro de 2016

Poema de cordel

(à mulher da minha vida 10-8-15, Solange)

traz o cordel para segurar a caneta do sentimento
caí a lágrima da saudade e rodopia no papel brilhante
da escrita, podias ser tu na porta a abrir do aeroporto
podia ser a porta do navio que te transportava de longe
quero-te moça neste almoço de figos, a casa muito quente
só a frescura da água  e a brisa nas janelas cruzadas da
cozinha das emoções para o quarto da alma pura.

José Gil

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Hiroshima meu amor, 70 anos depois

(à mulher da minha vida sempre linda, Solange)

era atómica a bomba que ainda hoje altera a vida das crianças
70 anos depois meu amor verde quem foi o que aconteceu
ninguém escreve tanto sobre um tema tão duro e frio, o sol
de Agosto este ano também aquece nas águas livres, mas a
revolta mantém-se   vibra amor a mágoa

José Gil

terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Casa VI

(à mulher da minha vida sempre, Solange)

Quem diria sempre em casa, janelas abertas, o calor, raramente
a espinha lúdica do computador  os dias atrás dos dias os amigos
ao telefone, crespo o cabelo cresce na barba, Hemingway de
cada lado do comboio sempre a passar em quatro linhas
ouve-se como nunca na cama a delicadeza do trânsito, vamos
amor só no corredor saberemos como nasce a rosácea do prazer
vem ver as rosas do hall de entrada


José Gil

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Casa V

(à mulher da minha vida sempre Solange)

choras as lágrimas sagradas do pirata  à Porta da Fundação
é o quarto redondo com a janela aberta   estreitos os corredores
da casa e a doença - como salvar as picadas dos dedos 
procurando a idade média no que te faz feliz   o amor estreito
que nos une   a água clara na traqueia apertada pela saudade
tudo podes fazer na cama larga onde te espera o sono alegre
não há insónias   da catedral o lugar do altar a confissão

vivemos bem assim no espectáculo da vida.


José Gil

Casa IV

(à minha mulher linda num dia tão lindo da nossa vida
dia 1 de Agosto 2015, abraço em saudade amor. Solange)

abre os corredores dos quartos na casa da solidão
aguenta o silêncio de uma égua com um sorriso, veste
os anjos de fogo na cozinha - enquanto engomas os
saudosos lençóis, mosteiro único, junto à janela fechada
contacta o amor para não sofrer dia e noite a cegueira
lembra-te das coisas da juventude neste véu que te cobre
os olhos e o cabelo    saberás ser religioso para o futuro
verde e fresco

José Gil

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Terra

(baseado nos poemas recentes do grande poeta Jorge Vicente)

(à minha mulher feliz e linda esperando uma hipótese, beijos, Solange)



devolvo-te a terra e o barro de que são feitas as tuas ancas
e um acordeão junto aos mamilos, saberei como fazer uma casa 
no lugar da esperança e da luta diária, danço, serei o bailarino
de fogo no azul das ancas em movimento, tudo descobre os
segredos que o corpo procura

José Gil

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Casa III

(à minha mulher linda sempre junta na minha alma,solange)

junta na minha alma por todo o sol do tempo, corre os
corredores onde choro a solidão, saberei criar o futuro
em paz depois de vencer a doença em filigrana no virar
dos dias em casa, escrevo-te onde as mãos se encontram
no espaço, há uma porta de esperança por cada quarto

nasce o sol abro todas as janelas, uma casa de luz como
a alma em cada santo que caminha.


José Gil

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

Casa II

(à minha mulher linda sempre próximo de mim, Solange)

tenho três quartinhos onde escrevo os meus poemas, aqui
passo os meu dias sozinho, outros dias virão, meu amor 
chegará para viver comigo, a casa tem grandes janelas
onde aparece cedo o sol e me encanta, tenho os meus 
livros para reler como quem fala ao telefone muito tempo
avançamos nas manhãs um bom café de letras e o jornal
só tenho uma casa mas chega para a solidão, quero o teu
amor com flores de música tenho ao longe outras
casas, vejo da janela onde brinquei na infância.

José Gil

Serpa 2

(ao meu amor Solange)

no saco cama das ondas de trigo e de palavras
bate a ideia, o lugar da paixão, não volta para este
carrocel onde corre o cavalo, o vinho nas gargantas
entre as palavras, as cores dos girassóis

segura as cobertas, o frio regressou ao verbo divino
e tu voas entre o oceano, procuro-te a pomba correia
no meio dos cereais e dos telefones, vibra amor
salta o saco das ondas e das nuvens do conforto
o bordado do amor cresceu ao longo dos anos
há quanto tempo o coração está aberto a este toque
vegetal e de tâmaras e anonas refrescado
 
José Gil

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

O pequeno jogo

(à minha querida mulher sempre esposa linda aqui, Solange, escritora do desejo)


o pequeno jogo traz-te no pequeno barco que chega a Leixões, quantos milhares
meu amor para descer o Douro entre o vinho trás-os-montes e o Porto as escritas
do norte, quero-te branca neste mundo de mulatas a dançar nos palcos de rua
em cada província    os lábios tremem no armário aqui fechado   em casa o céu azul
que pinto da janela o meu anjo   se tu quiseres telefono  é sábado amor e voo sem
sair de casa a pouco e pouco adormeço 

José Gil

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Serpa 1

(ao meu amor Solange)
 
solidariedade é a palavra que se escreve
na rua em Serpa, vou beijar um café na livraria
onde te conheci Solange, mais vantagens tropicais
 
os poetas tinham chegado de Lisboa, tu de Itabira
com o Carlos Drumond de Andrade e o Memorial
 
ninguem se conhecia - foi só a voz e o corpo no meio dos
livros e dos discos, como uma canção de amor
 
tinha que lutar nas redes sociais transatlânticas
e voar a Minas Gerais. Quem joga ganha o beijo
 
depois foi dançar até ficar negrinho
 
José Gil

terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

Sem lugar


(da poetisa brasileira de Itabira revelação deste verão para inscrição de mais um poeta nas Escritas por favor)

Sem lugar
Com tantos sítios na terra
Nada me cabe
subo em uma árvore
sinto sua energia
o vento dança
como dança meu coração.
Está apertado e sem saber...
Penso.
o que comes agora?
veste uma calça jeans e camiseta branca,
ou fato de banho?
Amas o que ? que sonhos  o satisfaz.
Estou só e o frio faz arder a pele, assim como o coração.
Queria voar.
Antes fosse urubu e bem alto voar
procurar alimento.
Mas o que quero comer?

Solange Alvarenga
19 Julho 2015

Poema 5002


(à Solange, esposa eterna)


canto o urubu a pedra da saudade
só erva amor nos campos para você
correr a saudade como uma cortina
sagrada onde esconde o seu corpo

em coro você entoa as palavras dos
poetas e já é poeta também a minha
Solange, vivo por ela segura nos seus
seios e ancas a bravura mineira você
vai voltar amor da américa do sul à
Europa, Urubu te dispensa uma noite
para a alegria

José Gil