terça-feira, 18 de outubro de 2016

Poema de amor

O lugar do vento, catavento o teu cabelo na rua clara
Larga junto na fonte marca invisível no teu ventre, as
Pernas dobradas, de joelhos contra o meu corpo
Erguido ao chão do céu
 
Enquanto faço o chá de cidreira bebo a fonte nos lugares
Vegetais das flores de encanto
Como o ananás na capela sagrada para descobrir o Ossobuco
De Itália nada sei depois para lá da folha quadriculada
Das mil folhas do ventre junto aos seios
O seu sumo claro de manga fresca, o queijo da serra e o
Teu pão na alma nova do teu olhar, um ensaio clínico ao
Teu andar na calçada portuguesa, cão a cão, a paz e o
Sossego, o néctar no teu cabelo, os caracóis a ondular
As ancas monte abaixo, vinho fino para beber
Nas alturas certas cadelinhas na praia.
 
José Gil

segunda-feira, 17 de outubro de 2016

Poema de amor


o castelo de bragança na neve ácida
da noite, os caretos e as máscaras da
ciberarte, uma grande nebulosa sob
os trabalhos de cobre e cestaria na
técnica do imaginário entre a erosão
e a solvência do acto criativo que 
teimam em vão estabilizar junto aos
seios da cidade no limite de todos os
lados, na volatilização, a entropia azul
dos danos colaterais onde as telas são
o simulacro num dos últimos respiradores

o próprio poema nas calçadas, as especiarias
do pensamento – segura-te as âncoras da pedra
em continuidade e o volte face das ancas 
a certeza do centro, a incerteza dos teus
subúrbios entre os lábios quentes de 
alcatrão – a atmosfera do atelier, a
poética sem limites na realidade
virtual como os cones brancos
 
José Gil

quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Poema de amor

(A meu amor lindo Solange)
 
pelo castelo te embarco de pedra
foge da linha se tens coração
evoca teu corpo de sereia sem mar
só pedra e sol, e norte e estio quente
carrega o teu lugar da árvore branca
mansa terra de adjectivos claros
só estou em ti como presença ausente

os sorrisos surgem no espinhaço
em que te afirmo, como suave, verde
tronco de vaca dócil junto à estrada
 
José Gil

Poema de amor

(a meu amor adorado, 17 de janeiro 2016, Solange gostosa)
 
a casa sempre na casa por todos os dias de flores
é janeiro, trago os abafos das tuas palavras doces
mel e avelãs, nozes e beijos, o café é o outro centro
de fazer o dia mais quente ao jantar, aquece o lume
um pouco de amor para namorar, o fogo – faz a
mala e o saco
 
quero-te com o vestido negro, leve e curto no teu verão
junto à praia, a cachoeira, todo eu uma mão selvagem
da geografia do amor, toca, abraça o corpo todo
 
encontra tudo o que a casa  constrói com morangos e
leite de moça no lugar das noites longas
 
quero amar-te na muralha vermelha da fronteira
 
Quando poderei salvar-me e regressar ao paredão
 
Calça justa para caminhar ao nascer do sol e encontrar
Os amigos – uma hora de marcha, um terreno de alívio
Do teu corpo ágil no meu. Onde chegarei ali? É o campo
Da pureza do oceano nas tuas pernas de gazela selvagem
Moça jovem e culta espero-te até  ao fim do mês
Caminharemos para o centro da terra. Quanta água vem
Pelas ribeiras para a baixa das cidades
 
Onde procurar os teus lugares sagrados, secretos, quero
O ponto branco da pele negra onde erguer o meu pilar
As mãos e o relógio para marcar o passo das cerejas e do vinho
As verduras da alegria nos folhos dos sorrisos dentro da
Saia, as castanhas dos mamilos vivos, a superfície da língua
O recorte das costas nas rochas de S. Pedro do Estoril
Viva a praia no eixo norte – sul onde plantas a oliveira
Corpo de índia amor, a minha negrinha de cabelo vermelho
Copo de suco de coco com gelo para alegrar a garganta
Seguro com os lábios os dedos do inverno frio e quente
O olhar do ar condicionado em cada verso para recitar
Vinho abafado, pés de lã
Nas tuas pernas cruzadas
Entre as minhas nuas
 
José Gil

Poema de amor

(a meu amor lindo e culto, Solange)


A libélula de Lisboa voa na Praça D.Pedro IV
O rossio do corpo com a sua ligeireza de casa
Amarela, um lugar de filme e personagem
Feminina, um lugar de amor no cinema
Das ruas antigas e tradicionais, menina tu
Serás a alegria. Recebo-te hoje na metáfora
Do aeroporto, aterra no meu colo metáfora
Fálica dos doces conventuais sem fronteiras
Para matar a sede da nova casa cinco dias a
Dobrar o lugar das avenidas na cintura
 
Vou no comboio do teu sonho e escrevo
Na areia da poeira do minério, bebo as
Planícies, o vento suão um dia diferente
De todos os dias do amor – a chegada-
Dormir num lugar da grande cidade.
 
José Gil

sexta-feira, 7 de outubro de 2016

Sobre poemas de Teixeira de Pascoaes

(ao Félix e ao Jamor)
 
(A meu amor, mulher linda negrinha, Solange)

A vã fragilidade, vejo tudo em incêndio bravo
Como o ferro que me percorre a coluna.

Ó dor de ter músculos à sua volta que eu
Sobreviva ao que tem fim de claridade e 
Se renove de outro modo e sofrimento
Nimbadas de piedade, sobre o mundo o meu voo
É diário e imortal para o sol. bato a pedra
toco o brasil que amo, no calor da vã
viagem ao centro da claridade, nossa senhora
da luz, o incêndio sagrado e celta na aldeia
campeã junto ao ribeiro sempre em ferro, a cama
e a mesa, espero-te amor junto à esplanada em flor

José Gil

quinta-feira, 6 de outubro de 2016

Poema de amor

(A meu amor lindo e culto, Solange)
 
Desenha o quadril da figura jovem na floresta
O seu coração tem seios vermelhos, a cor dos
Mamilos, nos lábios mirtilos, amoras, morangos
Em leite de moça na boca do viajante, o alicerce
Do corpo do desejo, a casa nova, saberemos em
Cada caminho fortalecer a oração do amor
Quantos meses e anos de  ternura, a carícia do
Lugar, o amor da distância no pão com mel
E um copo de vinho, transporta a carroça
Do outro corpo o lugar do calor em flor.
 
José Gil

Poema de amor

Traz a romã aberta em Janeiro à flor do Liz
Um lugar húmido para os prazeres da terra
Duas uvas no lugar do umbigo e uma pomba
A casa transparente, o luar frio do inverno
 
Vamos de mão dada na avenida do mar, marginal
Amada dos sentimentos doces em sossego até
Cascais, vila da saudade chorada, quero-te onde
Tudo está, segredo e sagrado no corpo de
Entrecampos, sol e sombra poesia e beijo
A lua cheia destes dias
 
José Gil