segunda-feira, 4 de junho de 2012

corpototal 59


(trabalho de Jaume Plensa, "Untitled" (2006)

"A quem sabe esperar o tempo abre as portas."
(Provérbio Chinês)


dobro o tempo no eixo da mesa, atravesso-te no lugar do umbigo
um poema curto em redor das faces do  relógio, soluço irredutível
mãos  puras e  dormentes no teu regaço enrolam-se  no veludo
do teu florido negro sombra e palma enlaço de ervas e folhas, o
rosto do lábio como o ar na minha língua , espero devagar o passar
do tempo, uma linguagem de escultura com a pele a mostra, desejo
abraçar todo o animal junto à parede da casa, bem na rua onde chove

chovem as palavras e os teus saltos na calçada, é outono e o corpo vivo
as pedras rolam ainda devagarinho do teu jardim como areias sensuais
estamos na estrela, é uma tentativa de gestos  esvaziados de alcatrão

 José Gil