(fotografia de rafael navarro, "diptico 26", 1979)
estou no declive como a santa palavra
suspensa por dentro do poema, perdi
as estrelas da garganta, adormeço no teu
seio à tardinha, adolescência e distância
quem não ouve o clamor da deusa azul
no intervalo das sílabas intactas e presentes
como se a língua tocasse o declive e o plano
quem move o corpo a sair da nuvem escura
santa palavra como se tudo ficasse por dentro
e por fora do poema como uma única montanha
as estrelas regressam à adolescência da garganta
José Gil