quarta-feira, 12 de maio de 2010

o poema branco



(fotografia de manuel alvarez bravo, "espejo negro", 1947)


mais além a harpa, queixa, fuga, fuga
vinda a verdade na representação do
bem e da alma as luas azuis mais rápidas
palavras num caminho sempre incompleto

as tuas mãos largam as cartas negras e
talvez o beijo caído do tugido do pó
o discurso carregado de culpa com a sua
cauda marinha minha sereia pretinha
constelação da dor e da consolação
teus cones negros só por um bater de
pestana – quero repouso na fuga

sou caçador do desassossego

José Gil

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