quarta-feira, 24 de novembro de 2010

montinhos



(fotografia de robert morris, "self-portrait", s/d)


A orquestra do Titanic toca durante o naufrágio
do prédio na dúvida soberana dos montinhos
nas ondas de gás – ela trinca a hortelã do Martini
à saída de cena morre-se sempre antes do tempo
activos sólidos ninguém julga as grandes notícias
são as maiores diz ela são as maiores as de iniciativa
própria blindada. Dá-me uma surpresa nas entrelinhas
um cabelinho com um sinal nos cones negros como
montinhos quando estás de frente, vamos em frente, sempre
para a frente do trânsito, das corujas, das girafas
quero nesta casa outra noite sem dia - o oceano todo em baile
os mamilos rosa em que eu
embarco sempre de novo
no rigor com o perfume
da época

o país despido junto ao corpo – há tempos de voar como falcão
vale mais uma ruptura a curto prazo, o vento rondou
em todos os jornais, um pacto de namoro
onde não há nada a clarificar
a possibilidade
do que vai à
pele

José Gil

1 comentário:

Francisco Coimbra disse...

Curioso encontro entre a nudez do país e o "self portrait"; o diálogo de texto e imagens é, neste blog, um must (não me ocorreu palavra mais apropriada do nosso dicionário de língua pátria)! Abraços