segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Sem Flores



(fotografia de lucien clergue, "nude #4", s/d)


as mãos não precisam de flores,
têm pétalas
dos dedos escorregadios
onde nasces,

seguro-te a
mão – traz muito pó das obras da rua
mesmo em
frente ao poema mas o calor das mãos
passa entre os dedos das janelas
com o pó da ama - olho a tristeza da sombra
e do
anoitecer, abraço-te com o último amargo doce

não
tenho estratégia o poema derrete este
chocolate nas tuas costas de
abraço, dobra não tenho plano, trago
o papel e rendo-me à flor
apenas um lírio vermelho e os dedos
e as ancas únicas como
a primeira vez na fatal linguagem do desejo,
são ambas no presente enterneço e sinto

José Gil

1 comentário:

Pat. disse...

Venho agradecer teu carinho e deixar-te um beijo especial... desejando que 2011 venha com força total!

PAt.