sábado, 3 de setembro de 2011

corpototal 43



(fotografia de rafael navarro, "diptico 26", 1979)


estou no declive como a santa palavra
suspensa por dentro do poema, perdi
as estrelas da garganta, adormeço no teu
seio à tardinha, adolescência e distância

quem não ouve o clamor da deusa azul
no intervalo das sílabas intactas e presentes
como se a língua tocasse o declive e o plano

quem move o corpo a sair da nuvem escura

santa palavra como se tudo ficasse por dentro
e por fora do poema como uma única montanha
as estrelas regressam à adolescência da garganta

José Gil

1 comentário:

lilia silvestre chaves disse...

"quem move o corpo a sair da nuvem escura".
Belo poema, Gil.
Bises,
Lilia S. Chaves