quarta-feira, 9 de novembro de 2011

corpototal 55



(fotografia de lawrie brown, "red-spotted ficus: japanese pine and false aralia", 1990)


Louvarei a tua boca quando amanhecer
E deixarei o pó nas janelas ao sol, tranquilo
azul e branco "vigia a porta dos meus lábios"
Boanerges, atravessa ainda o céu e a terra
não sejas a blasfémia mas o aprumo da palavra
estás fora de ti, fica como ele a guardar os jardins
quando já os teus ramos anunciarem as novas
laranjas e brotam flores e folhas então o verão
estará próximo como o meu corpo do teu cada
vez mais negro ao sol do lençol da areia fina
não passará este tempo sem o abrigo dos barcos
as minhas palavras doces não passearão no recinto
nem os anjos do céu, em verdade te digo, ouve tudo

José Gil

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