Fregueses
(à minha pretinha linda, Solange)
estou a escrever na freguesia de Águas Livres
a minha memória próxima, a minha casa aberta
intercontinental - o comboio na estação da Damaia,
marcho no trilho dos fregueses que recuperam
a esperança por descobrir no jardim, no meio
da floresta de prédios e barracas
avanço cedo às sete horas pelo escuro para preparar
os músculos vegetais do teu corpo, é o rosto mais
claro que amo até aos seios fartos que seguro
chuva de sentimentos aí no verão de Itabira
como o queque e bebo a bica por um dia acordado
e assertivo, a fome de pele, vibra devagar o teu lugar
por mais um dia de sol em Minas
aqui chove, é Fevereiro
chegam as flores primárias é o sinal do andar das horas
sem relógio, perco o meu olhar no teu, sei que não és
tu que hoje entras na porta com o teu amor matinal
chegou o malmequer, cintura fina, olhos castanhos
procuro no teu ventre o luar, amor, na lua fotogénica
entre as almas. gosto tanto do teu sorriso, vem como
o amor perfeito junto da rosa negra, o cravo e a geringonça
vem na manhã de Agosto no Aeroporto General Humberto
Delgado para chegares onde se mata a saudade e se constrói
o dia feliz, memorial centenário, espectacular como a
tangerina das vindimas.
José Gil
Sem comentários:
Enviar um comentário