(à minha linda pretinha, amor Solange)
o corpo fala um poema devorante
o poeta é um leão, uma ave de rapina
águia vermelha pelos céus diminui
o tamanho do mundo,
por uma pequena peça de roupa
torna-se ladrão, vive em agonia
caminha veloz como uma gazela
é sábado, o poeta está feliz
sabe a armadilha da sedução
ama, devora os seios, o pescoço
por um pilar negro no meio do eixo
norte-sul do corpo, redondas formas
de sentir um Deus aberto e plural
no barro da terra quando chove
corpo na lama, vestígio da origem
encontra logo a palavra certa
Lisboa fica amuada, a palavra não
lhe apareceu
não guarde o passado que o mundo é
tão pequeno
José Gil
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