quarta-feira, 18 de outubro de 2017

A fuga da palavra 47

o que falta no sábado de um amor correspondido
a proximidade, o olhar visionário dos pássaros,
o mês das alegrias

desejar tudo, o vento todo, o ar, o calor, aí estão
trinta e oito graus, aqui nas montanhas e serras
menos de cinco graus
fugiram as gazelas ainda não eram oito horas
podíamos ir à cachoeira águas livres para a
minha casa
víveres que só há no mato grosso húmido
faz calor na estação das guardas, um país de
afectos, falta por um dia a raiz das árvores da vida
todos os dias queremos descobrir um fundamento 
para as palavras em fuga da língua, dos dias longos e
dos dias curtos das cerejas vermelhas de inverno nas
orelhas decoradas, bebe o fruto e engole a semente,

vamos os dois aos cristais dos ouvidos, o segredo mais
claro, a tonteira, a vertigem na maré impossível do amor
e dos abafos

quero inverter a roda dos dias, da vida, ao invés silencioso
do rodar dos ponteiros do relógio mais perfeito

vibramos por um maracujá vivo na terra das ruas escuras
uma cevada única. E um meia torrada.
Abre, Deus dos árabes, o caminho da esperança
a paz dos irmãos perdidos nos escombros de cidades
por um caminho vermelho, amor
que perfeito coração!

José Gil
21-2-2016

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