segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

roda ao vento



(fotografia de horst p. horst, retirada daqui)


vem amor descansa no meu calor
o tempo é positivo, já não chove
o inverno é longo e as flores
voltam dentro de três meses
ao teu colo de piano de cauda
como Adorno toca e escreve

no moinho descansa o sol, vem
a rua é fria, a carne quente como
a casa dos teus seios sempre à
janela, fecha os olhos e espreguiça
deixa-te espreguiçar – só eu te vejo
vizinha do prédio em frente
na tua camisita que roda ao vento

os apartamentos resumem a praça
há uma grande fusão de silício
este papel pode ter um potencial
de erguer as ondas do som, uma
simples folha que passou a hortelã
do teu corpo em creme gordo
opera no meu colo outra festa de
orquídeas fortes e rápidas

a ciência projecta rapidamente o novo
vou ter que recomeçar num terreno
positivo, ri, solta-te numa agenda
transnacional as flores dos mamilos
há dois novos níveis de volatilidade
espelha dos teus cones negros e rosa
lisa como a pele negra em óleo
suporto os níveis de risco

pára de fazer dormir, olha a minha
estrela preparo o teu boquet como
a neblina da noite à espera que o sol
chegue o meu amor está do outro
mar, todo o mundo me pergunta
do outro lado circula a música
do sangue nas suas pulsações

corre amor eu não sabia como
gostas do vento contra a alegria
do vento, chegarei no fogo da
internet na música popular

querida que a neve não te atrapalhe
no ritmo poético, na melodia na duração
todo o corpo na inserção das minhas
longas pernas evitando os intrusivos
dedos mágicos o essencial é o contacto

José Gil

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