Podemos falar de uma romã como um mãe que se guarda
entre as ondas do oceano e a casa nova no bairro velho
um jardim de figueira e amendoeira em flor
os figos novos
as novas palavras no mar ao fundo onde nasce o sol
conheci minha mãe sempre grávida somos nove em escadinha
como a capela da fortaleza e uma coragem de árvore de fruto
uma onda de romãs sobre o mar-chão os olhos verdes
a praia ao fundo onde crescemos com algumas rochas
percursos muito difíceis de lutar com antigamente
a maior parte das pessoas não conheceram as quinze mil que foram
presas políticas em Portugal ao sul da Europa e da crise
na brutalidade dos anos sessenta e setenta
vivíamos de falsas notícias e de invejas
teremos o instinto, mãe, de não voltar atrás
oceano vital de sumo de romãs entre letras vivas de coragem
José Gil
Sem comentários:
Enviar um comentário