terça-feira, 15 de abril de 2014

Mãe 2


Quem nos governa agora em Abril mãe querida
Para eles é a leve segurança de correrem contra
o tempo em que os cravos em Benfica enchem as
esplanadas a hora da bica e da empada de vitela
até no Mercado querem mandar esquecendo as
ciganas que gritam por um euro todas de negro
 
tomam posse mais novos os políticos defuntos
a revolução não lhes perdoa  a igreja no mesmo
sitio em frente ao Nilo – tábua rasa fica de fora
da Assembleia – todos na rua cantando Grândola
são as vilas morenas do nosso Alentejo e Algarve
onde a revolta não congela agora que chegou o sol
e Lisboa vai sem Troika comer os morangos maduros

José Gil

segunda-feira, 14 de abril de 2014

Cascais 21


a Solange
 
 
Amo o teu húmido clamor de lua
Ofereço-te esta folha branca de papel
Uma flor de falo junto á raiz, é por
ti que escrevo na areia da praia terra
Para que sintas a verde frescura
Sempre adolescente musa de minas
 
Guardo-te como um segredo digital
Entre os continentes e o oceano de letras
Como um cruzeiro um poente para pôr
Bem centrado no umbigo, vibram as flores
Cantando por Paris junto ao Sena, és a
Torre na tua fragilidade de moça alegre
 
Amo as tuas pernas no lugar dos santos
A minha língua se prolonga entre a romã
O Guincho e Cascais esperam-te como eu

quarta-feira, 9 de abril de 2014

Mãe I


Se esse tempo esquecer que é morango
Recordo o vento da luta, passa mais
Um poema sem dia, tento chegar a ti
Com o sol e o mar de Armação de Pêra
 
 
Eu vou chegar a razão de te escrever
Na casa redonda  um pedaço de papel
Junto á janela redonda do terraço para
O mar enorme e eternamente azul e branco
A eternidade do acontecimento, nasci, morango
 
Hoje abro a casa ao silêncio, mãe minha
 
José Gil