terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Poema Curto 10



(quadro de kate breakey, "crane feather and shell", s/d)

a José Carvalho e Guerra Junqueiro


de noite, amarra-me na concha pura
deito ainda o braço trémulo da
caneta leve, amarra-me a tinta branca
onde o leite escreve o mel e as natas

os corpos sabem o toque do zinco, é
outono entre os lençóis e as framboesas

o percurso será sempre incerto.

quando te vou ver, e aqui a ausência

chora a transparência existe – a nós do
barco em chocolate branco de Belém

navegarás onde eu fabricar a sensibilidade
da água e da árvore – a rola – entre as mãos

José Gil

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