terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Poema Curto 8: Torrado Miúdo



(escultura de elmgreen & dragset, "belly door", 2006)


a Jorge Vicente e
Guilherme de Azevedo



trago a saudade na palma do amor
vibro a volumosa barra, este madeiro
no meu casebre de orvalho, ébrio

a perfeição é terrível, trabalho por
ela a libertar as luas no ecrã sensível

estremeço ainda na madrugada fria

o livro antigo transporta-te no altar
a tua palavra é a minha mão, o dedo

demonstro em linhas a sagração do
teu colo, ama a barra do orvalho, no
lugar da árvore onde nasce a amplidão
do azul do céu e do verde do oceano

amor já tenho o barco e a vela
tenho o amor já torrado e moído
na saudade do futuro ébrio

José Gil

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