sexta-feira, 3 de abril de 2009

Crash 51



(pintura de balthasar van der ast, "a still-life of fruit, flowers and shells, with a lizard, caterpillar and dragonfly", 1630-1635)


espessa a passagem do teu corpo entre os
documentos
delicados como aves entre as pernas e a lua, o
lugarejo

o céu já não faz de capa a noite numa escrita
sem linguagem
envelhece a natureza não o sol, minhas tónicas,
meus saltos
a música de um andar sem espelho, saber querer,
o corpo voa
para escrever espaço aberto, insisto nas
alternativas como
se o andar de todos fosse limpo, na terra
limpa, outra sombra embeleza os dedos no chão
de granito pula a bola da
consciência, tudo nos une à secura

e se procurar o outro limite, ir para lá dos
pés, saltar

eu sou o salto

o teu corpo no meu colo e o chá verde, oiço as
bolachas de mel e amêndoa sinto os teus mamilos
para lá do vidro e fico


José Gil

2 comentários:

L. Rafael Nolli disse...

Muito bonito o poema. Tem uma força e uma sensualidade ímpar! Bacana!

AnaMar (pseudónimo) disse...

Páscoa Feliz.