quinta-feira, 20 de agosto de 2009

acreideas



(impressão de ja-hyun koo, "at the creation I, blue", 1996)


La langage poétique est une écoute.
La lecture et la poétique sont
l'écoute de cette écoute."

(H. Méshonnic, Pour la Poétique II)


as borboletas vivem nas dobras azuis de Maio
um bando deserto tem o brilho eficaz do luar
o que nos povoa de palavras entre os braços

pégaso o branco no teu colo na serra do marão
as asas dos abraços alados, as éguas e os cavalos.

estou em Lisboa, vou onde a poesia é diária
no canto chão, os acreideos zumbem á volta
os rituais da poesia e da espiritualidade, escrevo-te
no monte quando o dia despertar azul
da cabeça da sílaba tónica, e não escuto

a liberdade é irmã da harmonia, sopro em
vertigens abstractas, já vi a escuridão e estou
salvo no sono imóvel da bailarina na margem do
douro com seus cones negros fluindo no sopro

a noite é longa e acumulo sílabas, vejo os camponeses
entre as espigas e as sementes, abrem-se as arcas
antigas e somos apenas irmãos das novas fontes.

josé gil

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