quinta-feira, 27 de agosto de 2009

eu subirei os degraus do oceano



(impresão de helen frankenthaler, "soho dreams", 1987)


ao Miguel

eu subirei os degraus do oceano onde crescem os teus cogumelos rosa
e o violeta, a cereja cor de vinho / opera, tingirá as nossas mãos
devagar, tudo vermelho e negro entre as ondas
e o teu corpo e os barcos lilases como a piedade e a cruz rubra do teu olhar,
perde-se tudo onde se navega
à vista – ficará o meu amor a boiar nas minhas ancas bem seguras e as algas
roxas aprenderão a amar e alguns violetas se fecharão em tristezas com esse
dia a dia de viver tristes dos encarnados. alguns estarão assobiando em suas
portas ao passar na avenida do mar eu cantarei a tua janela de persianas rosa na casa rubra o que caracteriza o teu quarto. Vê amor o sol que nasce no teu coral no urdir deste tempo, respira, ouve as flores da paz, os gigantes da serra no fundo do oceano como um bosque, eu amo-te dolorosamente na linha da distância

só sei que Dezembro nasce no fundo das ondas onde se desenha o sexo com pequenos búzios redondos de casta amora e brilhantes com mentol e chocolate rosa quente.

José Gil

1 comentário:

Eliana Mora [El] disse...

onde moram tais palavras
em que vão de teu sulco mais profundo?
Não sei. Mas sei da beleza delas.


beijos no teu dia

Eliana/El