quinta-feira, 27 de agosto de 2009

corpotal 18



(impressão de caio fonseca, "three string etching, giallo", s/d)


violeta no violeta, escrevi na tua parede,
saltam-te os seios negros claros
sem sombra na parede,
eu sou o animal que procura Deus no teu umbigo.

sorris por desacato, o sol no sono no solo
como um beijo
que me vai iluminar. onde canta a luz?
quem somos para lá das palavras e dos poemas
pobres peregrinos habitáveis
à luz fria do pó rosa pêssego

o que me darias por uma mesa longa
que beijo procuras no sonho
nua como um pássaro cego em direcção
à casa negra, quase a perder
o voo

josé gil

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