sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

a fuga da palavra 24

(à minha esposa jovem e linda, Solange)


a terra queimada do teu sorriso, dos lábios dela foge
a palavra, uma organização vegetal da sedução
a explosão das rosas na Av. da Liberdade
a caminhada da Graça ao centro da cidade
um olhar histórico em que se perdem os laços,
um dia de sentimentos, negrinha minha no coração
da cozinha, o seu olhar amarelo na fumaça, olhos castanhos
fígados de bacalhau para te cantar o vinho

a cama revoltada de lençóis ao vento, os lugares secretos
da casa como a muralha de S. Jorge
o outro olhar da rua
um marmelo na boca
repartido em quatro,
um dia completo

bebe a água dos lugares de Deus, as fontes da ternura
nos dias felizes do encontro - falta tempo, amor
falta tempo para dizer não e dizer então sim, vamos, vem
para onde voa o cabelo, para onde vai o caminho da verdade

o corpo procura depois o sul da palavra em fuga
tropical lugarejo da tua vida, amado Santiago do Chile

Lisboa, revisto, em Damaia, 2 de Fevereiro 2016

José Gil

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