quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

a fuga da palavra 23

(à minha esposa linda,Solange)

desenho negrinha o teu seio na palma da mão
tatuagem erótica da saudade por um fado de alfama
no teu conventinho, rezo toda a floresta do novo dia,
caminho pelos trilhos de amor, viagem nocturna de
andar em terra com solavancos de vales do céu azul,
azul céu do meu espírito para atravessar esta porta
dezenas de vezes até tremer as minhas pernas

procuro-te por uma palavra plural e justa
cor de romã, sabor de amora feliz, Janeiro que passou
um dia para cantar ao sol das matinas. Não chove.
o lugar mais certo do fundo da terra, o centro onde
colocas uma laranja florida, neste mercado de Benfica,

o andarilho chegou primeiro pela fome - na porta do restaurante.

por uma moeda invoca a salvação da reforma. Por um canto único,
o verde do teu vestido novo

procuro as Pedras da Geórgia, os parâmetros lavados das pedras frias,
inchadas ao verde da saúde do acaso

despe o poema, amor até ao poente musical.

José Gil

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