Pomba
voa pomba entre as laranjeiras de Sevilha
num lugar de fertilização do enamoramento,
os lentos movimentos da origem da natureza
urbana pela selecção das espécies
avançamos, é inverno e o frio não dobra as
páginas do livro
avança, pomba no delírio, carroça poente a
este poema com as suas éguas do sobrado,
as casas estão mascaradas de alegria, a pomba
ri no rio do seu carnaval da carne
a delicia dos favos de mel
são os rios as fontes de benfica, os dias descansados,
o perfume encanta o cabelo magenta vermelho,
as pernas esguias e cruzadas no colo
no coração invisivel dos dedos da
pomba de mel.
José Gil
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