terça-feira, 24 de março de 2009

Árvore Branca



(pintura de antoine vollon, "view of a stream at sunset", circa 1874)


gostava de roer a caixa de madeira negra
abrir o eixo norte do tempo sensível
não restar nada, apenas o corpo bravo
avançando junto aos véus, é uma alusão
de prazer, um rio para articular em ti
os dedos onde floresce a pequena floresta
negra, saberemos o sabor dos coentros de
março, através das folhas só a língua
na cabeça das pessoas, vamos, avanço
na lage sobre a caixa, é o corpo que treme
longa e ampla anca, tronco sem obstáculo

canto e volto a cantar, uma árvore branca

José Gil

1 comentário:

Maria João disse...

Deste belo poema, saiu-me "isto":

Entro na caixa negra
e uma lágrima me grita

Amordaço-a
com um lenço

E abraço o tronco
da "árvore branca"
da minha infância.


Um abraço

Maria João Oliveira