terça-feira, 23 de agosto de 2016

Poema de amor

"A quem sabe esperar o tempo abre as portas."
(Provérbio Chinês)


dobro o tempo no eixo da mesa, atravesso-te no lugar do umbigo,
um poema curto em redor das faces do  relógio, soluço irredutível,
mãos  puras e  dormentes no teu regaço, enrolam-se  no veludo
do teu florido negro sombra e palma, enlaço de ervas e folhas, o
rosto do lábio como o ar na minha língua, espero devagar o passar
do tempo, uma linguagem de escultura com a pele à mostra, desejo
abraçar todo o animal junto à parede da casa, bem na rua onde chove

chovem as palavras e os teus saltos na calçada, é outono e o corpo vivo.
as pedras rolam ainda devagarinho do teu jardim como areias sensuais,
estamos na estrela, é uma tentativa de gestos  esvaziados de alcatrão

José Gil

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