domingo, 9 de outubro de 2011

corpototal 47



(fotografia de filippo scarpi, "awakening 2", s/d)


Sem ritmo, sem lugar
com o torso da rua encantada
muda e nua cega de desejo
escrevo-te sílabas silvestres
entre amoras sem almas serei
apenas esta palavra da língua
espessa – conhecerei todos os
teus lábios, um organismo negro
entre a música ritual e uma palavra na
garganta até sufocar em gemido
como quem conhece o grito da libertação
sou o homem que imaginou o pão e o
vinho como sombra na grande mesa
vibrante entre as duas mãos rápidas
o corpo amado seguro e molhado

José Gil

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