domingo, 9 de outubro de 2011

corpototal 48



(fotografia de prying open, retirado da série "po's burn town", 2011)

(ao José Félix)

o que sobe do fundo, o que empurra

as nuvens com as duas mãos, onde
o clamor do rap abre o alcatrão no mais
profundo negro,

a luz da voz, que atravessa
o cérebro, disperso no centro da roda

canto o rap para contestar a polis
no meu descontentamento com
a força a força do corpo a corpo

alguém trata da história do poema
entre a Cova da Moura e o seu espelho

terra a terra, quanto fogo ainda há
sob as palavras - as tuas mãos nasceram
nas minhas costas há muitos anos
não as poderei afastar dos pássaros que
lhe chegam com espelhos de narciso

os salpicos desse ecrã táctil que alcanço
com as novas mãos um pombo, a revelação

como o cantor rap peguei estes versos com
as mãos os mais bonitos sinais do corpo vivo

José Gil

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