quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Poema de amor

(a meu amor adorado, 17 de janeiro 2016, Solange gostosa)
 
a casa sempre na casa por todos os dias de flores
é janeiro, trago os abafos das tuas palavras doces
mel e avelãs, nozes e beijos, o café é o outro centro
de fazer o dia mais quente ao jantar, aquece o lume
um pouco de amor para namorar, o fogo – faz a
mala e o saco
 
quero-te com o vestido negro, leve e curto no teu verão
junto à praia, a cachoeira, todo eu uma mão selvagem
da geografia do amor, toca, abraça o corpo todo
 
encontra tudo o que a casa  constrói com morangos e
leite de moça no lugar das noites longas
 
quero amar-te na muralha vermelha da fronteira
 
Quando poderei salvar-me e regressar ao paredão
 
Calça justa para caminhar ao nascer do sol e encontrar
Os amigos – uma hora de marcha, um terreno de alívio
Do teu corpo ágil no meu. Onde chegarei ali? É o campo
Da pureza do oceano nas tuas pernas de gazela selvagem
Moça jovem e culta espero-te até  ao fim do mês
Caminharemos para o centro da terra. Quanta água vem
Pelas ribeiras para a baixa das cidades
 
Onde procurar os teus lugares sagrados, secretos, quero
O ponto branco da pele negra onde erguer o meu pilar
As mãos e o relógio para marcar o passo das cerejas e do vinho
As verduras da alegria nos folhos dos sorrisos dentro da
Saia, as castanhas dos mamilos vivos, a superfície da língua
O recorte das costas nas rochas de S. Pedro do Estoril
Viva a praia no eixo norte – sul onde plantas a oliveira
Corpo de índia amor, a minha negrinha de cabelo vermelho
Copo de suco de coco com gelo para alegrar a garganta
Seguro com os lábios os dedos do inverno frio e quente
O olhar do ar condicionado em cada verso para recitar
Vinho abafado, pés de lã
Nas tuas pernas cruzadas
Entre as minhas nuas
 
José Gil

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