sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

A fuga da palavra 17

Refugiados
 
 
À minha esposa linda, Solange, negrinha
 
És o bebé que morreu na praia
Arame farpado das nossas consciências
Nas novas fronteiras antigos destinos
O choro acompanha-me para dentro
Da Europa
Como a um refugiado,
Começei a escrever como um refugiado
Em fuga da palavra sem destino na
Suécia, Inglaterra ou Alemanha
Até sinto-me um refugiado
Sem bens na Dinamarca, país podre
Pode haver em mim alma de árabe
Procuro-te entre eles, mulher, prazer,
Meu amor gostoso neste carnaval
Da europa, dificil até para Deus
Um Deus Plural, único, mais para uns
Do que para outros
Olho do oceano atlântico
Para me veres no PC-Skype
Pelo celular a minha voz mais perfeita,
Sedutora, tenho, amor o meu mel
A ele te juntas para evitar a morte, só
Resgatados no mediterrâneo
Vem amor, sem torturas, vamos
Fugir da morte grega
Com bolsos de desejo, onde
Guardo o falo para não sentir o
Imcompreensível século XXI
Onde o mar abre para a eternidade
Caminha comigo com água pela cintura
E entra na areia europeia
Com o teu grito nu
Sem voz
Só nudez
Amarga.
 
José Gil

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