sexta-feira, 11 de junho de 2010

rialva



(quadro de mary bourke, "island neighbors", s/d)


sinto o leve peso das telhas da água
a casa está nua e vazia – pode ser
da minha cegueira, onde as crianças
brincam com os patos e os cisnes do
jardim real, correm nos corações abertos
letra a letra sempre dita antes do
primeiro sono e uma breve brisa na
janela destroçada e sem vidro

chegarei a belver – rialva a noite
deitada no pasto junto às lojas
voo para o outro lado do mundo

muito calor de girassóis primeiro
amor na pata negra os dedos ligados

josé gil

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